Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas
convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por
nenhuma. (1 Coríntios 6:12-13)
Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas
convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam. (1
Coríntios 10:23-24)
Ao analisarmos os escritos de
Paulo é sempre pertinente lembrar que Paulo foi um judeu de cidadania romana,
mas que estudou com o principal rabino de sua época, tendo, certamente, tido
acesso a muitos dos ensinamentos da filosofia greco-romana.
Isso por si só já é motivo para
observarmos com bastante atenção seus escritos, que apesar de didáticos não são
dos mais simplórios. Pelo contrário. Em suas epístolas, Paulo nos apresenta uma
filosofia bastante avançada e daí sou eu que creio que isso se dá em razão de
seus estudos e de seu tempo. Mas são escritos que chegam ao nosso tempo e com
força maior do que qualquer eco de pensamentos passados.
Uma das maiores dificuldades que
as pessoas parecem encontrar quando o assunto é estarem ou permanecerem na
igreja é a série de restrições que as diferentes instituições opõem aos que lhe
são frequentadores. Algumas são movidas pelas melhores intenções quando pensam
que ajudam seus seguidores a trilharem um caminho reto aos olhos de Deus, ao passo
que para muitas outras, basta o prazer sádico da dominação pela dominação.
Paulo não se impõe. Paulo se
mostra.
Ao longo de todas as suas
narrativas, de seus conselhos, de cada momento em ele apresenta aquilo que ele
crê, ele se coloca como alguém que sofre das mesmas aflições que os
destinatários de suas cartas e não como alguém que está acima dele. Ao mesmo
tempo em que ele faz questão de afirmar que tira suas forças das experiências
que tinha de Deus e das constantes orações que fazia, inclusive tendo um pedido
que não fora atendido, mas que serviu para que ele fosse consolado.
Por sua vida, Paulo aprendeu a
crer e confiar num Deus que não lhe desamparou em qualquer momento difícil e
que foi o grande responsável quando o que ele teve era a medida exata do que
precisava ter e é justamente por ter conhecido a grandeza do amor e dos cuidados
divinos para consigo e sabendo quão pecador também era (até chegou a se chamar
de o principal dos pecadores em correspondência com Timóteo - 1 Tm 1.15), que Paulo
entendeu que se é que Deus se importa com o que fazemos, mais importante para
Ele – Deus – parece ser o porquê fazemos e para quem fazemos.
E daí Paulo apresenta a sua
moral, a sua crença, a sua forma de ver e viver e, em momento algum aparece nos
dizendo o que não podemos fazer. Não. A recomendação mais forte que Paulo
parece nos fazer é que quer comêssemos, quer bebêssemos, quer fizéssemos
quaisquer coisas, que fosse sempre para Deus em nome de sua glória (1 Co 10.31)
. Tudo nEle, por Ele e para Ele (Rm 11.36).
Não devemos nos preocupar com o
que nos proíbem. Eles sabem o que lhes servem, porque creram que receberam sua
mudança da parte de Deus, da mesma forma que o mesmo Deus nos fará saber o que
precisamos para ser que podemos até obtermos o que teremos mesmo que antes não
merecêssemos.
A nossa consciência é o nosso
parâmetro e se estivermos ligados em Deus, não precisaremos de ninguém que nos
diga o que não devemos fazer, porque no fim, desde que eu entenda que assumirei
as consequências, Deus me dá a liberdade para eu fazer o que quiser. Mas isso
não quer dizer que toda a minha vontade será minha pronta realidade, até
porque, se eu creio num Deus que tudo vê, preciso pensar muito bem naquilo que
me permitirei fazer.
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