sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Todas as coisas me são lícitas, mas...

Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. (1 Coríntios 6:12-13)
Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam. (1 Coríntios 10:23-24)
Ao analisarmos os escritos de Paulo é sempre pertinente lembrar que Paulo foi um judeu de cidadania romana, mas que estudou com o principal rabino de sua época, tendo, certamente, tido acesso a muitos dos ensinamentos da filosofia greco-romana.
Isso por si só já é motivo para observarmos com bastante atenção seus escritos, que apesar de didáticos não são dos mais simplórios. Pelo contrário. Em suas epístolas, Paulo nos apresenta uma filosofia bastante avançada e daí sou eu que creio que isso se dá em razão de seus estudos e de seu tempo. Mas são escritos que chegam ao nosso tempo e com força maior do que qualquer eco de pensamentos passados.
Uma das maiores dificuldades que as pessoas parecem encontrar quando o assunto é estarem ou permanecerem na igreja é a série de restrições que as diferentes instituições opõem aos que lhe são frequentadores. Algumas são movidas pelas melhores intenções quando pensam que ajudam seus seguidores a trilharem um caminho reto aos olhos de Deus, ao passo que para muitas outras, basta o prazer sádico da dominação pela dominação.
Paulo não se impõe. Paulo se mostra.
Ao longo de todas as suas narrativas, de seus conselhos, de cada momento em ele apresenta aquilo que ele crê, ele se coloca como alguém que sofre das mesmas aflições que os destinatários de suas cartas e não como alguém que está acima dele. Ao mesmo tempo em que ele faz questão de afirmar que tira suas forças das experiências que tinha de Deus e das constantes orações que fazia, inclusive tendo um pedido que não fora atendido, mas que serviu para que ele fosse consolado.
Por sua vida, Paulo aprendeu a crer e confiar num Deus que não lhe desamparou em qualquer momento difícil e que foi o grande responsável quando o que ele teve era a medida exata do que precisava ter e é justamente por ter conhecido a grandeza do amor e dos cuidados divinos para consigo e sabendo quão pecador também era (até chegou a se chamar de o principal dos pecadores em correspondência com Timóteo - 1 Tm 1.15), que Paulo entendeu que se é que Deus se importa com o que fazemos, mais importante para Ele – Deus – parece ser o porquê fazemos e para quem fazemos.
E daí Paulo apresenta a sua moral, a sua crença, a sua forma de ver e viver e, em momento algum aparece nos dizendo o que não podemos fazer. Não. A recomendação mais forte que Paulo parece nos fazer é que quer comêssemos, quer bebêssemos, quer fizéssemos quaisquer coisas, que fosse sempre para Deus em nome de sua glória (1 Co 10.31) . Tudo nEle, por Ele e para Ele (Rm 11.36).
Não devemos nos preocupar com o que nos proíbem. Eles sabem o que lhes servem, porque creram que receberam sua mudança da parte de Deus, da mesma forma que o mesmo Deus nos fará saber o que precisamos para ser que podemos até obtermos o que teremos mesmo que antes não merecêssemos.
A nossa consciência é o nosso parâmetro e se estivermos ligados em Deus, não precisaremos de ninguém que nos diga o que não devemos fazer, porque no fim, desde que eu entenda que assumirei as consequências, Deus me dá a liberdade para eu fazer o que quiser. Mas isso não quer dizer que toda a minha vontade será minha pronta realidade, até porque, se eu creio num Deus que tudo vê, preciso pensar muito bem naquilo que me permitirei fazer.

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