Quem primeiro me deu, para que eu
haja de retribuir-lhe? Pois o que está debaixo de todos os céus é meu. (Jó
41:11)
Nos últimos anos, no afã de
reunirem mais e mais adeptos, vários movimentos ditos evangélicos estabeleceram
como prática corriqueira a apresentação de um Deus subserviente ao dito pelos
homens na “Terra”. É certo que os líderes desse movimento não admitem que
tratam a Deus dessa forma, mas basta que tenhamos atenção ao seu discurso e
veremos uma distorção e uma inversão de valores
Frequentemente vejo pulularem nas
redes sociais imagens de “ministros do evangelho” “declarando” que Deus mudará
a vida das pessoas se elas curtirem ou compartilharem sua declaração. Em
diversos programas de televisão, “teleevangelistas” não se furtam em trabalhar
a partir do desespero de pessoas repletas dos mais diferentes problemas,
apresentando-lhes o céu na Terra.
A mim, parece que o mais
importante é que partamos do princípio de que Deus não tem compromisso com
qualquer palavra que não seja a Sua palavra, de modo que não é porque alguém
afirmou a plenos pulmões que Deus fará algo, que Deus, de fato, fará esse algo.
E alguém poderia perguntar: mas
Ele não pode fazer? E a resposta é Sim. Deus pode fazer isso, pode fazer mais e
depois de ter feito muito, pode fazer ainda infinitamente mais do que foi pedido,
do que foi pensado e até do que foi “declarado”. Mas a questão principal é que
Deus não TEM OBRIGAÇÃO de fazer isso e, se e quando faz, o faz porque é bom e a
“sua benignidade é para sempre”.
Ora, Deus conhece o coração do
homem, seus medos e suas dificuldades e seria de se arriscar dizer que Ele “entende”
a tendência do homem se voltar a Ele mais nos momentos de angústia e desesperação
e, por ser essencialmente amor, se dispõe a alterar os mais diferentes
cativeiros daqueles que o buscam com o entendimento de que Ele não é mero
solucionador “daqueles problemas específicos”, mas sim, que a solução que Ele
é, está em que o homem faça dEle a figura central de sua vida, e isso não só nos
momento das adversidades, mas nos de bonança também.
Mas além de amor, Deus é justiça
e, justo que é, sabe retribuir com as mais ricas e verdadeiras bênçãos, aqueles
que o buscam com um coração repleto de verdade. Em assim sendo, não se pode ter
como verdadeiros aqueles que se aproximam de Deus barganhando com Ele, como
quem diz “Deus, eu estou te dando e então quero algo de volta”, mas sim para
aqueles que se aproximam de Deus dizendo “estou ME dando, porque eu estou de
volta para Ti, dai-me, pois, conforme a Tua sabedoria, aquilo que me for o
melhor de acordo com a minha real necessidade”.
E é quando penso, pois, que é nisso
que se encerra o conselho de Jesus quando diz “buscai primeiro a Deus e o mais
será acrescentado” e não nas diversas campanhas onde se você “ofertar X” Deus
te dará “10X”, ou se for dos 300, ou dos 12 ou de quantos forem os modelos que
colaboram para, descontextualizados, mentirem por um Deus que não precisa que Lhe
guiem ou ensinem como deve agir.
Por fim, lembro que é o próprio
Deus quem se põe à prova de qualquer desafio e sei, por experiência própria,
que quando nos ofertamos a Ele (não o que temos, mas aquilo que somos), Ele “abre
as janelas do céu, e derrama sobre nós bênçãos tais que não nos resta lugar
suficiente para que as recolhamos”. Mas primeiro somos nós que nos damos, para
que, depois, seja Ele a se nos dar.
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