Na verdade sei que assim é; porque,
como se justificaria o homem para com Deus? (...) Ele é sábio de coração, e
forte em poder; quem se endureceu contra Ele, e teve paz? (Jó 9:2 e 4)
Não estejais inquietos por coisa
alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela
oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o
entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo
Jesus. (Filipenses 4:6-7)
Nos dois versículos que servem de
epígrafe ao presente texto, antepomos duas situações. Em uma, quem fala
questiona sobre não ter paz, ao passo que no segundo, exorta a que confiemos na
paz.
No primeiro caso a discussão
vinha sobre a possibilidade do homem achar que Deus fora injusto para com ele
e, assim, procurar lhe falar para questionar a decisão de que se sente vítima.
Resignado, Jó se apressa em dizer que não tem a presunção de pôr a prova a
onisciência divina, nem voltar-se contra Seus desígnios, mas que apenas
gostaria de ter a chance de entender o porquê de ter sofrido perdas tão
dolorosas de uma hora para outra. Na verdade, tudo o que Jó gostaria era a
chance de pedir que se trouxesse a luz o que estava encoberto.
De outro lado, Paulo – já
conhecendo o redentor que Jó aguardava e lhe veio – exorta a que estejamos em
paz em qualquer situação que se nos apresente, porque colocando a nossas
necessidades a Deus, Ele mesmo se encarregará de aliviar as nossas aflições
enquanto aguardamos o melhor momento para obtermos a nossa resposta ou o bom
entendimento de tudo quanto nos sucedera.
À soma das duas assertivas,
podemos entender o quanto perdemos questionando a existência, a bondade e as
decisões de Deus o próprio salmista, a certa altura, chega a dizer que Sua
ciência é maravilhosíssima, tão alta que não a podia atingir, de maneira que
tentarmos atingir a mente de Deus é
perdermos a nossa paz, porque é Ele quem perscruta nossas mentes e nosso
coração e não nós ao que é dEle. Ao mesmo tempo, quando entendemos que há amor,
propósito e justiça na sua forma de lidar conosco ou retribuir as nossas
atitudes, resignados de que, para usar o bardo e não o frade “há mais mistérios
entre os céus e a terra do que supõe a nossa vã filosofia” e que, portanto, é
inútil querer o sentido e a resposta numa vida tão curta pra muito do que é
milenar, também entendemos que as nossas orações são sempre ouvidas.
Ouvida, mas não necessariamente
atendidas na sua totalidade. Nem sempre sabemos pedir e nem sempre pedimos o que
é o melhor para nós e é aí que Paulo tira sua ideia de que não devemos nos
inquietar por coisa alguma, na medida em que Deus que sabe e que pode todas as
coisas, atento a tudo que lhe pedimos – e é até mesmo como sinal de humildade que
devemos, sim, pedir, ainda que presumindo que Ele sabe de tudo, ao invés de
acharmos que Ele tem o dever de fazer por conta própria – nos dará a paz que
vem da comunhão com a Sua santidade, que nos faz entender – sem que muitas
vezes entendamos o porquê – que tudo caminhará bem.
Contender com Deus traz enfado,
ansiedade, revolta, tristeza e dor; já para todos quanto em Deus confiam,
confiar em Deus traz paz.
Se é possível ter paz? Para quem
lança seus anseios a Deus e lhe é grato por tudo quanto faz, é mais do que possível,
é viver segundo sua fé e segundo a verdade experimentada em sua vida e em seu
coração. Vale arriscar?
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