domingo, 8 de fevereiro de 2015

Há como ter paz (?)

Na verdade sei que assim é; porque, como se justificaria o homem para com Deus? (...) Ele é sábio de coração, e forte em poder; quem se endureceu contra Ele, e teve paz? (Jó 9:2 e 4)

Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. (Filipenses 4:6-7)

Nos dois versículos que servem de epígrafe ao presente texto, antepomos duas situações. Em uma, quem fala questiona sobre não ter paz, ao passo que no segundo, exorta a que confiemos na paz.
No primeiro caso a discussão vinha sobre a possibilidade do homem achar que Deus fora injusto para com ele e, assim, procurar lhe falar para questionar a decisão de que se sente vítima. Resignado, Jó se apressa em dizer que não tem a presunção de pôr a prova a onisciência divina, nem voltar-se contra Seus desígnios, mas que apenas gostaria de ter a chance de entender o porquê de ter sofrido perdas tão dolorosas de uma hora para outra. Na verdade, tudo o que Jó gostaria era a chance de pedir que se trouxesse a luz o que estava encoberto.
De outro lado, Paulo – já conhecendo o redentor que Jó aguardava e lhe veio – exorta a que estejamos em paz em qualquer situação que se nos apresente, porque colocando a nossas necessidades a Deus, Ele mesmo se encarregará de aliviar as nossas aflições enquanto aguardamos o melhor momento para obtermos a nossa resposta ou o bom entendimento de tudo quanto nos sucedera.
À soma das duas assertivas, podemos entender o quanto perdemos questionando a existência, a bondade e as decisões de Deus o próprio salmista, a certa altura, chega a dizer que Sua ciência é maravilhosíssima, tão alta que não a podia atingir, de maneira que tentarmos atingir  a mente de Deus é perdermos a nossa paz, porque é Ele quem perscruta nossas mentes e nosso coração e não nós ao que é dEle. Ao mesmo tempo, quando entendemos que há amor, propósito e justiça na sua forma de lidar conosco ou retribuir as nossas atitudes, resignados de que, para usar o bardo e não o frade “há mais mistérios entre os céus e a terra do que supõe a nossa vã filosofia” e que, portanto, é inútil querer o sentido e a resposta numa vida tão curta pra muito do que é milenar, também entendemos que as nossas orações são sempre ouvidas.
Ouvida, mas não necessariamente atendidas na sua totalidade. Nem sempre sabemos pedir e nem sempre pedimos o que é o melhor para nós e é aí que Paulo tira sua ideia de que não devemos nos inquietar por coisa alguma, na medida em que Deus que sabe e que pode todas as coisas, atento a tudo que lhe pedimos – e é até mesmo como sinal de humildade que devemos, sim, pedir, ainda que presumindo que Ele sabe de tudo, ao invés de acharmos que Ele tem o dever de fazer por conta própria – nos dará a paz que vem da comunhão com a Sua santidade, que nos faz entender – sem que muitas vezes entendamos o porquê – que tudo caminhará bem.
Contender com Deus traz enfado, ansiedade, revolta, tristeza e dor; já para todos quanto em Deus confiam, confiar em Deus traz paz.
Se é possível ter paz? Para quem lança seus anseios a Deus e lhe é grato por tudo quanto faz, é mais do que possível, é viver segundo sua fé e segundo a verdade experimentada em sua vida e em seu coração. Vale arriscar?

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