segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A Fé de Deus no Homem (e a razão da providência da nossa redenção)

Porque o que eu temia me veio, e o que receava me aconteceu. (...) Direi a Deus: não me condenes; faze-me saber por que contendes comigo. (...)Se eu pecar, tu me observas; e da minha iniquidade não me escusarás. (...)Quem não entende por todas estas coisas que a mão do Senhor fez isto, que está na sua mão a alma de tudo quanto vive, e o espírito de toda carne humana? (...) Eis que clamo: Violência! Mas não sou ouvido; grito: Socorro! Mas não há justiça. O meu caminho ele entrincheirou, e não posso passar; e nas minhas veredas pôs trevas. (...) Quebrou-me de todos os lados, e eu me vou; e arrancou a minha esperança, como a uma árvore. (...) Os meus parentes me deixaram, e os meus conhecidos se esqueceram de mim. (...) Compadecei-vos de mim, amigos meus, compadecei-vos de mim, porque a mão de Deus me tocou. (...) Quem me dera, agora, que as minhas palavras se escrevessem! Quem me dera que se gravassem num livro! E que, com pena de ferro e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha! Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros, o verão; e, por isso, o meu coração se consome dentro de mim. (...) Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem os meus olhos. (Jó 3:25; 10:14; 12:9-10; 19: 7-8, 10, 14, 21, 23-27 e 42:5)
Sempre ouvimos dizer que precisamos ter fé em Deus, mas não é comum que pensemos que Deus também tem a Sua fé em cada um de nós.
Não há consenso se Jó foi uma pessoa real ou a reiteração de um expediente bastante presente na Bíblia, qual seja, a ilustração da relação de Deus para com o homem e do homem para com Deus através da parábola.
No entanto, assim como se analisa o ciúme de Otelo, a vingança de Medeia, a traição de Capitu, o dia de Ulysses ou a traição de Madame Bovary, podemos analisar Jó, tanto sob a ótica do simbolismo por detrás da personagem, como a partir da sua potencial humanidade e seguiremos por essa premissa.
A história nos mostra Jó sendo sujeitado a uma provação terrível a partir de uma aposta entre Deus e o “diabo”. O diabo insinuara que Jó só era o homem mais fiel a Deus entre todos os homens porque Deus lhe fizera próspero, mas que se Jó nada tivesse, voltar-se-ia contra Deus e provaria que seu amor não era desinteressado. Deus, então, permite que o diabo tire tudo quanto Jó possuía, não lhe permitindo, apenas, tirar-lhe a própria vida. Foi então que num mesmo dia Jó perdeu todo o seu rebanho, toda sua riqueza e todos os seus filhos, mas ele não se voltou contra Deus. O diabo então insinua que assim o foi porque ele ainda gozava de saúde, tendo lhe sido permitido tirar a saúde de Jó que passou a sofrer de uma chaga tão forte e sofrida, que precisava usar cacos de vidro para se coçar. E até nesse momento Jó glorificou o nome de Deus, que foi quem tudo lhe dera e, então, era quem tudo podia lhe tirar.
Antes de mais nada, a fim de que não se faça qualquer confusão, cumpre que se diga que Deus não estava jogando com a vida de Jó, tampouco era indiferente a ela. Quando Deus permite que se ponha Jó a tamanha e terrível prova, o recado que Ele dá – seja ao diabo, seja a Jó, seja a mim ou a você – é de que Ele confia no homem e na sua capacidade de amá-lO.
Que coisa maravilhosa! Não somos apenas nós que temos fé em Deus. Deus também tem fé em cada um de nós e sabe que podemos lhe ser fieis em quaisquer circunstâncias que se nos apresentarem, por mais terríveis que sejam, porque achamos nEle a nossa redenção e a chave que nos muda o cativeiro.
Jó, experimentado em alegrias e agora em dores, ouve acusações e reprimendas de seus amigos. Seus amigos! Tendo ouvido a desdita de Jó, dirigiram-se a ele e encontrando-o desfigurado, deprimido e empobrecido, ficaram em silêncio durante 07 dias, tentando entender em que pecara aquele homem sempre tido por tão justo (de modo que até oferecia sacrifício em nome dos filhos) que justificasse sofrer tamanho opróbio. Tentavam entender Jó, porque no seu entendimento, Deus só poderia estar castigando Jó – talvez por ter se achado resto, justo e íntegro demais.
E daí aprendemos uma outra valiosíssima lição: não importa o quanto nossos amigos ou demais membros da nossa comunidade religiosa pensem saber a respeito de nossa vida ou do Deus em que acreditamos, eles nunca estarão perto da verdade e muitas vezes não devemos dar ouvidos nem mesmo àqueles que querem nos ajudar. Eles pouco sabem sobre nós e menos ainda, por mais que creiam o contrário, sabem sobre os propósitos de Deus para conosco.
A redenção de Jó era questão de tempo porque mesmo nos seus momentos de mais depressão e de maior amargura, ele continuava certo de que Deus não erra e que as Suas mãos estavam sobre a vida de Jó, ainda que fosse para cobrá-lo ou castiga-lo e, fosse pela razão que fosse, enquanto Deus estivesse em Sua vida, o seu final seria de glória ou na Glória do seu Senhor.
A retidão e a justiça de Jó vinham de tudo quanto lhe fora ensinado a respeito da natureza e da grandeza do Deus de seus pais e de seu povo, mas após experimentar o conhecimento real do TUDO que Deus pode realizar, Jó, mais íntimo de Deus, testifica com seu corpo, sua alma e seu espírito que Ele é Deus que tudo pode e bom é esse Seu poder.
Deus amava Jó como Deus ama toda a humanidade e assim como redimira Jó ao tempo em que Jó apesar de toda dor sentia seu coração se aquecer na esperança de que com seus próprios olhos veria seu Redentor se erguer para mudar-lhe a sorte e viu, todos nós recebemos diariamente essa mesma oportunidade. Todos nós temos a chance de assistirmos o levantar do nosso Redentor e com os nossos olhos assistirmos quão boas são as bênçãos que nos tem reservado por causa do Seu amor e do Seu poder.
Sejamos sinceros, retos e tementes a Deus como Jó, não lhe maldizendo na angústia e nem esquecendo dEle na fartura, mas sabendo que não importa o que nos aconteça, bendito é Ele e o Seu nome de geração em geração para sempre.

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