quarta-feira, 11 de março de 2015

Homossexuais também louvam a Deus (e até que me provem o contrário, homossexuais são parte da criação de Deus)

Não estou nem um pouco disposto a vir com aquele papo preconceituoso de “Deus ama o homossexual, mas abomina a homossexualidade”. Tampouco eu – como, ao que me parece, ninguém – tenho condição de dizer se a homossexualidade é condição genética ou não. A única coisa que tenho certeza – porque vejo por aí – é que a homossexualidade é um fato e, portanto, é real, seja pela razão que for.
Dito isso, gostaria de pedir ao leitor heterossexual ou “indiferentessexual” que tentemos por 1 segundo nos aproximarmos do “pensamento” da pessoa homossexual. Enquanto um grupo de fanáticos e outro de maldosos ficam sugerindo que o homossexualismo é uma condição reversível ou opcional, o que o homossexual sabe é que nasceu assim e ser assim é ser quem ele é. É parte de sua essência. Digo isso porque não me é estranho o costume que muitos têm de – lamentavelmente – verem os homossexuais como aberrações que deturpam em põem em cheque a perfeição da criação divina. E nas igrejas isso acontece demais.
Há uma tendência de se pregar que Deus fez "apenas macho e fêmea”, aparentemente tendo-lhes designada a condição de só sentirem atração por seu oposto, de modo que a homossexualidade deve ter alguma relação com o “diabo” e seu plano de afastar o homem de Deus. Isso é péssimo.
Faço essas considerações iniciais porque gostaria que você pensasse que assim como é natural pra você sentir atração pelo sexo oposto e, com isso, você se sente “normal”, pro homossexual é natural sentir atração pelo mesmo sexo e, com isso, ele também se sente “normal”.
Em assim, sendo, gostaria de participar uma reflexão que tive durante um evento, digamos, de cunho religioso.
A certa altura da celebração, cantavam-se hinos e, enquanto os hinos eram cantados, notei um rapaz assumidamente homossexual, com seus olhos fechados, face elevada à direção do céu, parecendo bastante compenetrado enquanto dava voz para aquela oração musicada, apresentando um comportamento próprio dos que se sentem próximos de Deus e amado por Ele.
Na mesma hora me peguei pensando em Caim e Abel. Não. Não passei a acreditar que essa história é real. Continuo achando consequência da tendência de se contar histórias de pai pra filho nas tribos daquela região, como forma de se fortalecer a cultura em tempos anteriores à escrita. Lendas. No entanto, lembro que em se tratando do que narra a história, Abel apresentou seu sacrifício com o coração de quem queria agradar a Deus com o que ofertava, ao passo que Caim apenas foi “cumprir uma obrigação”, sem qualquer prazer ou preocupação em agradar a Deus.
A partir desse paralelo, fiquei pensando em quantos são os heterossexuais que estão “cumprindo tabela” quando de seus cultos a Deus e quantos devem ser os homossexuais que estão aproveitando suas chances para enaltecer o nome desse Deus, agradecendo-o por todas as grandes coisas que Ele vem fazendo por si. E também me peguei refletindo se, porventura, esses têm mais chance de agradarem o coração de Deus do que os que acham que sua voz testifica mais do que seu coração.
Ora, por favor. Não queiramos curar o homossexual e nem preguemos contra ele de qualquer forma que não se mostre sábia e certa. E principalmente: jamais oponhamos qualquer resistência para que, cada um a seu modo, sinta-se livre para adorar ao seu Deus. Não digamos que somos salvos e eles não e nem cheguemos a sugerir que “Deus lhes pode curar”. Não sabemos tanto assim de Deus para que digamos com certeza o que Deus vai ou não “aceitar”.
E, por fim, ainda penso: se o meu coração se alegrou ao ver aquele jovem de olhos fechados apresentando Seu louvor a Deus, quanto mais deve ter se alegrado o coração de Deus que está sempre procurando quem realmente lhe adore? (e não quem só pareça ser o mais correto a lhe adorar).
E você pode até querer falar que o pecado afasta a pessoa de Deus. Mas eu creio que se o pecado afasta, o louvor comove e aproxima. Caso contrário, nenhum de nós teríamos direito de apresentar nada a Deus. Apenas nossos constantes pedidos de um perdão que já nos foi concedido na morte de cruz.


ps.: sinto-me no dever de colocar que a Bíblia também não deixa de ser produto de seu tempo e onde se revelam as ideologias de seus subscritores. Tenhamos cuidado para não confundir o que era a crença de quem escreve com o que era, de fato, palavra vinda direto de Deus.