quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A importância de sempre ir à igreja e ali reviver a grandeza de Deus

Quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de ti. (...) Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor Deus, para anunciar todas as suas obras. (Salmos 73:25;28)

Muitas vezes me perguntam por que eu ainda vou à igreja se frequentemente me deparo com algo com que não concordo. Talvez esse texto explique ao menos um pouco.
O Salmo 73 (que você pode ler completo aqui) é, por certo, um dos mais conhecidos dos 150 salmos. Não tanto na sua integralidade, mas certamente pela parte em que, ainda no início, Asafe (autor desse Salmo), confessa que quase se desviou do caminho de servo de seu Deus por sentir inveja da prosperidade dos “néscios” – aqui entendidos aqueles que renegavam, desconheciam, desprezavam ao “Deus de Israel”.
Mas que momento maravilhoso é nos narra ao relembrar: “Quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso; até que entrei no santuário de Deus; então entendi eu o fim deles.” (16-17).
Antes de maiores reflexões, é importante que saibamos quem foi Asafe. Em seu livro “Quem é quem na Bíblia”, Paul Gardner[1] nos traz as seguintes informações:
Juntamente com Hemã e Etã foi nomeado pelo rei Davi como responsável pelos cânticos na casa do Senhor (1 Cr 6.31-40). Era levita, filho de Berequias e nomeado como principal cantor quando a Arca foi levada para Jerusalém e em várias outras ocasiões, quando havia festas nacionais (1 Cr 15.17-19); 16.5,7,37; 2 Cr 35.15). Ele liderou os louvores, juntamente com outros levitas, quando o Templo foi consagrado pelo rei Salomão (2 Cr 5.12).
Sua influência musical estendeu-se muito além do serviço do Templo, até o livro de cânticos dos judeus, onde permaneceu por todos os tempos. Seu nome é encontrado no título de doze salmos, para indicar que provavelmente são parte de uma cantata, composta por ele ou para ele (Sl 50;73 a 83). Esses Salmos figuravam entre os cânticos durante o avivamento nos tempos do rei Ezequias (2 Cr 29.30). Na época do retorno do exílio babilônico, os cantores do Templo eram referidos apenas como “filhos de Asafe” (Ed 2.41; Ne 7.44; 11.17, etc).
Essa nota biográfica vem com o intuito de mostrar a relevância da figura do autor desse Salmo. Asafe era o principal do seu ofício de cantor do templo, ou seja, o principal levita, o principal músico adorador de seu tempo e, mesmo assim, mesmo experimentando diferentes formas do agir da glória e do poder de Deus, pensou em desviar o seu caminho porque invejou aqueles que eram ricos à custa do trabalho alheio, da soberba, da violência, desdenhosos que eram de um Deus de quem afirmavam: “como o sabe Deus? Há conhecimento no Altíssimo?”(11) e, pro seu espanto, quanto mais agiam dessa forma, mais pareciam prosperar.
Asafe era humano e como humano que era, lhe parecia difícil entender os desígnios de Deus para a vida dos que o buscam. Não lhe parecia certo que os que de Deus blasfemavam parecessem mais virtuosos e bem sucedidos ao passo que ele e tantos outros, dedicados ao serviço a esse Deus passavam dores e apertos e castigos e aflições.
Quantas e quantas vezes não nos vemos na mesma condição de Asafe? Vemos sonegadores, corruptos, homicidas, estelionatários, adúlteros, caluniadores e autores de tantas condutas reprováveis parecerem imunes à qualquer tipo de correção e então questionamos: “Deus não os vê?” E, então, ato contínuo nos pegamos a pensar: “se Deus não os vê ou se os vê, talvez Ele não se importe, também não dará conta se agir como eles a fim de me fazer rico assim”. Num instante de falta de vigilância nos pegamos imaginando toda uma série de ardis que poderíamos perpetrar a fim de nos locupletarmos a contento. Nesse instante parecemos, inclusive, esquecer quem é o Deus a quem nos demos e que tanto já nos deu.
E daí nós vemos a importância que é nos aproximarmos de Deus e quão necessário é nos dirigirmos ao espaço onde se reúnem em Seu nome e Ele se faz presente à percepção de todos quanto o buscam verdadeiramente. Talvez não tivesse entrado no Templo pra cumprir seu serviço e prestar seu culto, o final de Asafe não teria sido de honras como sua biografia aponta, mas sim, como ele mesmo apontou, tivesse caído na desolação, quase num momento totalmente consumido de terrores e acordando de um sonho sabendo que sua aparência era desprezível e desprezada pelo Deus que um dia tivera sido o seu Deus.
Mas ele entrou no Templo, entrou no santuário de Deus e ali ele entendeu o que precisava entender e eis que, então, declara com a autoridade de quem revestido da presença do Altíssimo por tantos desprezado: “(...) estou de contínuo contigo; tu me sustentaste pela minha mão direita. Guiar-me-ás com o teu conselho, e depois me receberás na glória. Quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de ti.” (23-25).
Esse é o segredo de se estar na igreja. Não porque Deus ali habita, porque Ele mesmo disse que não, mas é porque ali, ouvindo dEle e das maravilhas que Ele fez, faz e continuará sabendo, nosso coração vai se enchendo e se renovando de uma esperança que não é vã e assim como Abraão, dando a glória a Deus, vamos sendo fortificados na nossa fé (Rm 4.20), enquanto cantamos e afirmamos: “Maranata! Ora vem, Senhor Jesus”.




[1] GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada/Paul Gardner; tradução Josué Ribeiro. São Paulo: Editora Vida, 2005. – Título origina: The Complete Who’s who in the Bible.

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