Não estou nem um pouco disposto a
vir com aquele papo preconceituoso de “Deus ama o homossexual, mas abomina a
homossexualidade”. Tampouco eu – como, ao que me parece, ninguém – tenho condição
de dizer se a homossexualidade é condição genética ou não. A única coisa que
tenho certeza – porque vejo por aí – é que a homossexualidade é um fato e,
portanto, é real, seja pela razão que for.
Dito isso, gostaria de pedir ao
leitor heterossexual ou “indiferentessexual” que tentemos por 1 segundo nos aproximarmos
do “pensamento” da pessoa homossexual. Enquanto um grupo de fanáticos e outro
de maldosos ficam sugerindo que o homossexualismo é uma condição reversível ou
opcional, o que o homossexual sabe é que nasceu assim e ser assim é ser quem
ele é. É parte de sua essência. Digo isso porque não me é estranho o costume
que muitos têm de – lamentavelmente – verem os homossexuais como aberrações que deturpam em põem em cheque a perfeição da criação divina. E
nas igrejas isso acontece demais.
Há uma tendência de se pregar que
Deus fez "apenas macho e fêmea”, aparentemente tendo-lhes designada a condição
de só sentirem atração por seu oposto, de modo que a homossexualidade deve ter
alguma relação com o “diabo” e seu plano de afastar o homem de Deus. Isso é péssimo.
Faço essas considerações iniciais
porque gostaria que você pensasse que assim como é natural pra você sentir
atração pelo sexo oposto e, com isso, você se sente “normal”, pro homossexual
é natural sentir atração pelo mesmo sexo e, com isso, ele também se sente “normal”.
Em assim, sendo, gostaria de
participar uma reflexão que tive durante um evento, digamos, de cunho
religioso.
A certa altura da celebração,
cantavam-se hinos e, enquanto os hinos eram cantados, notei um rapaz
assumidamente homossexual, com seus olhos fechados, face elevada à direção do
céu, parecendo bastante compenetrado enquanto dava voz para aquela oração
musicada, apresentando um comportamento próprio dos que se sentem próximos de
Deus e amado por Ele.
Na mesma hora me peguei pensando
em Caim e Abel. Não. Não passei a acreditar que essa história é real. Continuo
achando consequência da tendência de se contar histórias de pai pra filho nas
tribos daquela região, como forma de se fortalecer a cultura em tempos anteriores à escrita. Lendas. No entanto,
lembro que em se tratando do que narra a história, Abel apresentou seu
sacrifício com o coração de quem queria agradar a Deus com o que ofertava, ao
passo que Caim apenas foi “cumprir uma obrigação”, sem qualquer prazer ou preocupação em
agradar a Deus.
A partir desse paralelo, fiquei
pensando em quantos são os heterossexuais que estão “cumprindo tabela” quando
de seus cultos a Deus e quantos devem ser os homossexuais que estão aproveitando suas
chances para enaltecer o nome desse Deus, agradecendo-o por todas as grandes
coisas que Ele vem fazendo por si. E também me peguei refletindo se, porventura, esses têm mais chance de agradarem o
coração de Deus do que os que acham que sua voz testifica mais do que seu
coração.
Ora, por favor. Não queiramos curar o
homossexual e nem preguemos contra ele de qualquer forma que não se mostre sábia e certa. E principalmente: jamais oponhamos qualquer resistência para que,
cada um a seu modo, sinta-se livre para adorar ao seu Deus. Não digamos que
somos salvos e eles não e nem cheguemos a sugerir que “Deus lhes pode curar”.
Não sabemos tanto assim de Deus para que digamos com certeza o que Deus vai ou
não “aceitar”.
E, por fim, ainda penso: se o meu coração se alegrou ao ver
aquele jovem de olhos fechados apresentando Seu louvor a Deus, quanto mais deve
ter se alegrado o coração de Deus que está sempre procurando quem realmente lhe
adore? (e não quem só pareça ser o mais correto a lhe adorar).
E você pode até querer falar que o pecado afasta a pessoa de Deus. Mas eu creio que se o pecado afasta, o louvor comove e aproxima. Caso contrário, nenhum de nós teríamos direito de apresentar nada a Deus. Apenas nossos constantes pedidos de um perdão que já nos foi concedido na morte de cruz.
ps.: sinto-me no dever de colocar
que a Bíblia também não deixa de ser produto de seu tempo e onde se revelam as
ideologias de seus subscritores. Tenhamos cuidado para não confundir o que
era a crença de quem escreve com o que
era, de fato, palavra vinda direto de Deus.